quinta-feira, 3 de março de 2022

Incentivo à Leitura: convite


  

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   Clube das Histórias   

Um Incentivo à Leitura

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Caros Senhores,  

   

A equipa responsável por Clube das Histórias: Um Incentivo à Leitura é composta por um grupo de pessoas dedicadas a promover o prazer de ler histórias. A equipa envolvida tem vindo, desde há alguns anos, a trabalhar em conjunto com escolas, bibliotecas e outras instituições, com a finalidade de incentivar o gosto pela leitura junto de pessoas de diferentes faixas etárias.

Tomámos também a decisão de alargar o público alvo e de dar a conhecer o nosso acervo de textos, via email e numa base semanal, a todos os que estiverem interessados em recebê-los. A iniciativa Clube das Histórias tem vindo, desde então, a difundir-se de uma forma significativa não só em Portugal mas também no Brasil e nos Países Africanos de língua portuguesa.  

Clube das Histórias visa assim promover a literacia, através da leitura de pequenos textos capazes de permitir uma reflexão sobre princípios fundamentais da sociedade de hoje, e de transmitir valores como a solidariedade, a justiça, a generosidade e a tolerância, entre muitos outros.

Esta iniciativa consiste no envio por email de duas histórias semanais de forma totalmente gratuita. As histórias enviadas destinam-se, uma, a um público infantil; outra, a adolescentes e adultos.

As duas histórias poderão ser lidas no corpo da mensagem ou, o que aconselhamos, nos anexos PDF, onde são apresentadas com texto e imagens a cores.    

 

Se tiver interesse em aderir a este projeto, cujo convite receberá apenas durante duas semanas, deverá inscrever-se seguindo as instruções abaixo. A inscrição é totalmente gratuita e pode cancelá-la quando desejar. Asseguramos-lhe ainda que o seu endereço de email permanecerá estritamente confidencial.

Se pretender continuar a receber as histórias semanais, copie no campo do assunto:

"Sim, desejo inscrever-me no projeto: Clube das Histórias (Portugal)"

"Sim, desejo inscrever-me no projeto: Clube das Histórias (Brasil)"

 

Se não quiser receber as histórias semanais, copie no campo do assunto:

"Não estou interessado(a) em participar no projeto: Clube das Histórias"

 

Se nada disser, deixará de receber este convite ao fim de duas semanas.

 

Neste momento, estamos a gerir projetos semelhantes em Alemão, Espanhol, Francês e Inglês. Se desejar receber (sempre gratuitamente) histórias noutras línguas, pode responder a este email indicando a(s) sua(s) escolha(s):

 

- Alemão - Mit Geschichten groß werden

- Espanhol - Cuentos para crecer

- Francês - Histoires à faire rêver

- Inglês - Joy of Reading

  

Com a convicção de que esta iniciativa irá merecer o interesse dos nossos leitores, agradecemos desde já a atenção dispensada.

  

 A Equipa Coordenadora de Clube das Histórias

 

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A cadeira que quis ser trono

 

Esta cadeira não tinha os pés bem assentes no chão. Era uma cadeira um pouco desequilibrada, como vão apreciar.

Nada a distinguia de milhares de outras cadeiras modestas, toscamente pintadas, para enganar o caruncho. Tinha quatro pernas, assento de bom tamanho e umas costas muito direitas, que a faziam parecer senhora espartilhada e altiva. Esquecida a um canto da casa, infeliz com o seu destino de cadeira vulgar, suspirava todo o santo dia:

— Por mais que queira, não me conformo. Puseram-me para aqui, nesta casa insignificante, quando podia estar em lugar de destaque, num salão de luxo. Triste sina.

Os bancos, muito amigos da galhofa, riam-se destas falas. Um deles, um velho mocho de sapateiro, dizia-lhe assim:

— Naturalmente, queria ser trono, não?

— Para trono faltam-lhe os braços — notava um banco de cozinha.

— E falta-lhe a madeira... — acrescentava um outro. — Onde é que já se viu um trono de pinho?

Os bancos voltavam a rir-se, de frente para a cadeira, que nem as costas lhes podiam voltar.

— Deixem a pequena em paz — aconselhava a mesa que era muito boazinha.

— Tem as suas fraquezas, que querem? Se lhe pusessem um calço por baixo de um dos pés, talvez lhe passasse o desequilíbrio. O mal foi terem-na feito com madeira ainda verde.

— A senhora mesa está sempre pronta a desculpá-la — dizia o mocho.

— É que eu também tive ambições, quando era nova. Quis ser mesa de banquetes, imaginem! Só me via vestida com uma grande toalha de linho e rendas, enfeitada de castiçais de prata, coberta de travessas finas e talheres reluzentes... Sonhei com este banquete mil vezes, mas nunca me deram nenhum.

Os bancos ficaram calados. Falando-se em coisas sérias, os bancos não sabiam o que dizer.

— Mas não me sinto infeliz — continuou a mesa. — Aqui os talheres são foscos e os pratos, rachados. Quase nunca me cobrem com toalha, mas as mãos das pessoas passam sobre mim e fazem-me festas. Os cotovelos apoiam-se ao meu tampo. Os dedos batem-me ao de leve, enquanto esperam pela terrina da sopa e pelo pão, acabadinho de sair do forno. Sei que as pessoas matam a fome e a sede à minha volta, sei que gostam de mim e não me dispensam. Vale a pena ser mesa.

"Aquela contenta-se com pouco", pensava a cadeira, empertigando-se ainda mais nas suas quatro pernas fraquinhas.

Um dia, passou por ali um vistoso cortejo de cavaleiros. Era o rei que ia à caça, em companhia dos seus fidalgos. O séquito atravessou a galope a única rua da aldeia.

As mulheres, os homens e as crianças, que nunca tinham visto cavalos tão bonitos nem cavaleiros tão bem vestidos, vieram às janelas e disseram adeus com lenços.

Na casa desta história, não se falou noutra coisa, durante o resto do dia.

A cadeirinha, essa, só suspirava de si para si: "Ah, se o rei me levasse...!"

Voltaram a passar pela aldeia, ao fim da tarde, os cavaleiros. Traziam caça grossa: javalis, raposas e veados, atravessados nos cavalos. E vinham cansados os cavaleiros.

De todos, o mais amolentado era o rei. Gordo, muito gordo, o rei estava farto de correrias, caçadas e solavancos. O que queria era repouso.

Das portas abertas das casas vinha um cheirinho apetitoso a pão desenfornado. Sua Majestade tentou-se pelo cheiro e, fazendo um gesto, mandou parar a comitiva.

O estribeiro-mor ajudou-o a descer do cavalo, o que ainda foi difícil, e amparou-o até à soleira de uma porta, precisamente a porta da casa onde se passa esta história.

O casal de velhinhos que lá vivia assarapantou-se com a visita. Servir-lhe um pão saído do forno, barrado com manteiga fresquinha, não exigia grandes conhecimentos de etiqueta, mas onde sentar tão ilustre visitante?

— Traz a cadeira, mulher. Depressa! — gritou o camponês.

Era a única cadeira da casa, a tal de que temos falado. Finalmente, ia provar aos bancos trocistas que uma cadeira, mesmo de pinho, sabe servir com fidalguia os grandes da terra e amparar-lhes o peso do poder. Eles que a vissem, frágil cadeirinha, fazer as vezes de um trono, pois então!

Podíamos acabar aqui a história, que acabávamos bem. Mas há contratempos...

Os camponeses chegaram a cadeira a Sua Majestade, que se refastelou. Fosse do inesperado peso ou da emoção, a pobrezinha gemeu... gemeu... e, não se segurando nas pernas, desconjuntou-se toda, com o rei em cima.

Catrapumba! Cai o rei no meio do chão, alarma-se o séquito, assustam-se os camponeses e, dentro de casa, quase se desmancham a rir os bancos e os banquinhos.

Amolgado e muito dorido, o rei lá se levantou:

— Coitados, a culpa não foi deles — disse o rei, referindo-se aos velhinhos.

— Dêem-lhes dinheiro para uma cadeira nova. Ai!

Foi-se embora o séquito real. A cadeira, triste monte de tábuas carunchosas, ficou onde se tinha partido. Lenha para o forno, não tarda...

 

António Torrado

 

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Duas cabras numa ponte 

 

Uma ponte estreita ligava duas montanhas. Em cada uma das montanhas vivia uma cabra. Dias havia em que a cabra da montanha ocidental atravessava a ponte para ir pastar na montanha oriental. Dias havia em que a cabra da montanha oriental atravessava a ponte para ir pastar na montanha ocidental. Mas, um dia, as cabras começaram a atravessar a ponte ao mesmo tempo.

Encontraram-se no meio da ponte. Nenhuma queria ceder passagem à outra.

 Sai da frente!  gritou a Cabra Ocidental.  Estou a atravessar a ponte.

 Sai tu da frente!  berrou a Cabra Oriental.  Quem está a atravessar sou eu!

Como nenhuma delas queria recuar e nenhuma delas podia avançar, ali ficaram, enfurecidas, durante algum tempo. Finalmente, entrelaçaram os chifres e começaram a empurrar. Eram tão semelhantes em força que apenas conseguiram empurrar-se uma à outra da ponte abaixo.

Molhadas e furiosas, saíram do rio e subiram a encosta, a caminho de casa, cada uma murmurando para si: "Vejam só o que a teimosia dela provocou."

   

Margaret Read MacDonald

 

acb@clubedashistorias.com

 

 

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